No dia 13 de julho de 2009, Valdenir Benedetti deixou este mundo para viver entre as estrelas, talvez seu ambiente mais familiar. Porém aqui permanece imortalizado pela sua maneira de pensar e ensinar a astrologia. Muito amado por muitos, deixou uma marca indelével em seus alunos e em todos os astrólogos que com ele conviveram e que reconheceram nele um renovador da nossa arte de interpretar os céus. Como acontece a todos os que ousam transgredir, questionar e inovar, também teve lá seus desafetos, faz parte... Por sorte deixou inúmeros textos, alguns publicados outros não. Este blog foi criado para que todo o seu pensamento fosse acessível tanto aos que o conheceram quanto aos que, ao longo de seu aprendizado da Astrologia, com certeza dele ouvirão falar.



"Há pessoas que nos falam e nem escutamos, há pessoas que nos ferem e nem cicatrizes deixam, mas há pessoas que simplesmente aparecem em nossas vidase nos marcam para sempre."

Cecília Meireles







26.6.10

ASTROLOGIA E LOUCURA

Esse texto é antigo. Estava esquecido no depósito de textos antigos. Foi escrito em função de uma discussão qualquer em uma velha e extinta lista de astrologia.

Observando algumas situações atuais, ainda mais em época de eleições, quando mais que nunca os astrólogos começam a olhar apenas para fora de si, ao ponto de alguns até esquecerem-se de onde na verdade vem, e de onde vem a astrologia que praticam, entendi ser oportuna uma releitura desse texto.

Serve para me manter alerta e prestando atenção em mim mesmo. Serve para reconhecer o quanto é possível e perigoso investir na auto-importância e onde essa mesma importância pessoal começa a se tornar uma doença.

Se para mais uma pessoa pelo menos ele for útil, já está valendo.

ASTROLOGIA E LOUCURA

Há aproximadamente 30 anos, meu professor de astrologia, Wanderley Vernili, disse uma coisa que me chateou: "aquele que usa o símbolo inadequadamente será punido por ele". No momento eu debochei dessa palavra, disse que isso era astrolatria e tolice. Levei muitos anos para compreender a profundidade e verdade contida nas palavras do meu mestre, e vou tentar compartilhar com vocês por achar isso muito sério.

O Símbolo (planetas, signos, casas, aspectos, no caso da astrologia) é algo que supostamente nos habita, é um conteúdo de nossa psique, ou mais ainda, é um potencial energético que existe em nosso ser e que é sintetizado e eventualmente traduzido pela mente sob a designação de símbolo, mas que existe e se manifesta independente de nossa compreensão intelectual "dele". Saturno ou Vênus, por exemplo, representam qualidades inerentes ao ser (medo, afeto, desejo, etc.), potenciais infinitos de energia que se manifestam ciclicamente ou quando estimulados por alguma circunstância externa ou interna. Creio que isso é uma visão sintética e simplificada do funcionamento planetário.

Quando um indivíduo "transgride" uma função simbólica, quando permite que, por vaidade ou medo ou outra problemática qualquer, a função Lunar, Saturnina, Mercuriana, ou outra, sejam corrompidas e distorcidas, pervertendo seu significado essencial, esse potencial que foi ativado eventualmente se voltará contra o próprio indivíduo, seja através de comportamentos sórdidos e inadequados, seja através da somatização e doença física, seja através dedistúrbios psicológicos que não conseguem se manter ocultos por muito tempo atrás das mascaras e dos personagens queantes os ocultavam.

O próprio indivíduo é o único canal da expressão do símbolo, e a partir do momento em que ele, o símbolo, for despertado, se a pessoa não estiver no lugar de expressa-lo, poderá tornar-se vítima dessa manifestação energética.

É um pouco difícil aceitar a possibilidade de que a Astrologia pode enlouquecer. Exatamente. Enlouquecer!

As linguagens simbólicas, "sempre" colocam o indivíduo em sintonia com os símbolos dentro de si mesmo, e quanto mais praticadas e estudadas essas linguagens, maior a conexão como símbolo, mais ele é ativado, despertado, e as energias e manifestações desse símbolo ativado passam a representar as motivações básicas, conscientes e inconscientes do comportamento da pessoa e de todas as suas relações, consigo mesmo e com a sociedade. A ativação do símbolo, particularmente entre Astrólogos, tende a conduzir a pessoapara uma conexão cada vez mais intensa com aquilo que os Junguianos denominam "self", os ocultistas denominam "espírito", a essência mais profunda e original do sujeito, enfim. Quando a pessoa está nesse caminho de conexão com os significados reais e naturais do símbolo, e resolve se comprometer com realidades que não sejam pertinentes à pureza e a qualidade do símbolo em si, inicia o processo de transgressão, e começa também a eventual punição do indivíduo pelo próprio símbolo que o habita.

Vejam, não vem nenhuma entidade de fora trazer qualquer castigo, e muito menos sentimentos condicionados de culpa e inferioridade podem ser responsabilizados por isso. O des-astre (rompimento com o astro) vem de dentro para fora.

Por mais que se tente, não há a quem culpar.

Observamos que o comprometimento com valores e condições que agridem a natureza essencial das pessoas, podem desencadear a expressão distorcida do símbolo, trazendo desequilíbrios e doenças de todos os tipos, especialmente para a pessoa reativa, aquela que não percebe estar fazendo isso. A idéia desse comprometimento com circunstancias que agridam a condição original do símbolo, tem relação direta com a imposição cultural da necessidade de ser importante, de ser “especial” ou de “estar com a razão”.

Além da importância pessoal, o maior e mais destrutivo dos venenos, temos visto praticantes de astrologia que confundiram totalmente sua vida e sua prática, misturando conceitos religiosos e místicos com a astrologia de uma maneira bastante artificial.

São praticantes que olham somente para fora de si. Ai está a chave.

As distorções na pratica da astrologia podem aparecer sob as mais diversas formas, mas todas elas envolvem a necessidade de aprovação, ou o medo da rejeição (seja de homens, seja de entidades espirituais.

Envolvem também necessidade de poder e controle, ilusão desaber mais da Verdade do que os demais, e por ai vai mais umalista de aberrações não tão incomuns assim.

Todas as distorções implicam em estar olhando para fora, estar julgando o que acontece fora e negando o olhar para si mesmo.

Aguardemos os próximos capítulos das distorções e vamos procurar nos cuidar para não cairmos também nesse engodo da vaidade e sede de poder.

Basta estarmos acordados, procurarmos ser Pró-ativos em vez de Reativos, e refletirmos sobre qual é de fato a nossa importância, se é que temos alguma.

Um comentário:

  1. MEU CORAÇÃO DOEU QUANDO PERDI ESTE AMIGO PARA O MUNDO ASTRAL https://www.facebook.com/arleneteborja

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