Estou desentendido com a susceptibilidade das mulheres.
Talvez a mulher que me habita seja também
tão susceptível, talvez ela se comova e se revolte
com a mínima mudança da direção dos ventos,
o mínimo gesto que envolva,
que chame para junto de nós outras vibrações do universo,
que na verdade, já estavam, sempre estiveram dentro de nós.
Estou perplexo com a delicadeza das mulheres.
Talvez a mulher que me habita seja também
tão sensível assim. Talvez ela se envolva com o mormaço,
se comprometa com a coisa morna do desejo,
mesmo aquele que a gente não se atreve.
Quem sabe, a delicadeza seja um poder, uma força sutil
como os átomos do plutônio queimando glóbulos no sangue
sem que ninguém perceba.
De qualquer forma, a delicadeza sempre me deixa perplexo.
De dentro para fora, de fora para dentro.
Talvez a mulher que me habita seja assim tão dura
que eu prefiro ignora-la. Talvez ela se distancie daquilo
que não represente o mais absoluto amor.
Talvez ela se afaste de tudo que represente
causar alguma dor. Não sei,
mas me torna amargo não saber lidar
com esta força das mulheres.
Pode ser que, quem sabe, a mulher que me habita o coração,
seja de uma dureza tal que quando a reconheço
lá fora, o amargor me sobe aos lábios.
Estou eufórico com a esperança que as mulheres me dão.
Talvez a mulher que me habita seja a antena,
parabólica sensível / sensitiva que capta o futuro,
e sabe que, por não termos mais esperança de salvação,
já estamos todos salvos.
Talvez a mulher seja capaz, receptora do que ha de vir,
e por saber o que há de vir, me tranqüiliza
por saber que Ela sabe.
É possível que a mulher que me habita o peito, me acalenta
e me traz sempre aquela chama que vem do futuro,
chama de esperança, chama dos Deuses.
(Talvez Prometeu, que roubou a chama
que aquece o espírito dos homens, aquela mesma,
fosse Ela, e por isso acorrentada,
talvez...)
Estou embriagado com o que sinto de todas as mulheres.
Absolutamente encantado.
Talvez a mulher que me habita seja a senhora do meu encanto,
e me permita sentir e viver algum encanto
em meus dias e nos dias que me restam.
Talvez a mulher seja a substância, ânima que me anima,
Talvez seja a matéria prima do meus desejos,
a força que me move para o futuro,
talvez ela me dê a mão, de dentro pra fora e,
se eu for digno, de fora pra dentro,
e vá comigo em direção ao futuro e salte comigo
no abismo do que virá.
Mas esta Mulher agora, quando penso nela,
alma dentro de mim, alma fora de mim, tanto faz,
ela é uma só, sempre a mesma,
seja multidão, seja um harém, seja uma só
é sempre a mesma, ela me traz
doçura aos lábios.
VAL BENEDETTI
Rose ! Que tudo de bom este Blog, esta sua iniciativa tão generosa! Tem a cara do Val.Olha, eu convivi um tanto bom com ele, e graças aos conselhos dele, me mudei pro Acre em 2007, e continuei sempre falando com ele, e visitando-o em SP, indo com ele pra Mogi qdo possivel. Tenho algumas fotos com ele,e talvez alguns textos, e posso te mandar pra seu Email, ok ? É vc que faz mandalas, desenha e pinta? Uma vez ele me mostrou essa arte linda...acho que é sua...Se for, quero poder trocar algumas ideias contigo, de um trabalho com flores secas que faço.Sinto que,na altura aonde ele está, e olhando pra cá, deve estar sorrindo e achando bom! Que bom vc compartilhar assim as pétalas dessa Flor! Sejamos bem felizes ! um xero da floresta pra ti. Silvana
ResponderExcluirQue lindo texto Rose, grata por compartilhar, ajuda a manter ressoalndo dentro de nós a Graça da sua amizade!
ResponderExcluirMuito bom isso, fiquei bem feliz de ter essa possibilidade. O Val está sempre presente. Valeu!!!
ResponderExcluirOlá Val! Esteja onde estiver, ouça: Estou sorvendo uma vitamina de sentimentos: Meia gota de tristeza, meio litro de saudades, litro e meio de alegria de ter vivido contigo momentos tão bons. Ler estes textos é estar de novo contigo e como é bom navegar neste barco de palavras movido pelas velas de tua inteligência.
ResponderExcluirA propósito meu amigo, venha me visitar em meus sonhos!
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